POP-UP 3

INAUGURAÇÃO 11 ABR / OPENING FRIDAY

O marinho e o marítimo são tão próximos que por vezes se confundem. Ambos adjetivos se referem a mar, mas mantêm entre si uma diferença básica: marinho é o que nasce no mar, que é natural do mar, que pertence ao ecossistema do mar; marítimo é o que está junto ao mar, o que foi posto no mar pelo homem, o que o homem realiza no mar.
Uma cidade marítima identifica-se pelo modo como interliga estas duas realidades. O Funchal, bem representativa daquilo que é uma cidade marítima, constitui-se como a mais antiga porta de entrada na ilha. O Cais do Carvão, porta de transformação da matéria que alimentou a indústria e máquinas que ajudaram ao desenvolvimento da ilha, vai ser palco de uma exposição que não vai deixar ninguém indiferente.
A instalação a cargo dos arquitetos Joana Tomás, Vincent Rault e José Gustavo Freitas, assistidos pela Fractal Funchal, propõem uma obra temporária, que pretende reerguer a memória deste cais e introduzi-la como uma provocação. A partir da designação química do carvão e a narrativa do lugar como equação do invisível e mutável. Se os trabalhadores ficavam sujos de preto, o que simboliza tingir-nos hoje de negro, num espaço de lazer e de contato com o mar?
A noção de limpeza e higiene pertencem agora aos corpos que trabalham e o sujo a quem brinca e está em contacto com a natureza. Como podemos transformar um espaço marginal, como o Cais Carvão, com novos mediums e diversas geometrias? Esta instalação feita a partir de elementos e materiais reutilizados, permite revelar uma nova narrativa do lugar sem recorrer à lógica da adição e construção, mas sim às novas linguagens, usos e circularidade dos materiais.

A maritime city is defined by how it mirrors the sea and how it embraces it through places like beaches, harbors, and docks. In Funchal, this is exemplified by its imposing quay, linking the city to the ocean and its arrivals. Historically, this quay, along with others, was a gateway for goods and raw materials, such as the Cais do Carvão, a site that fueled the island’s industry.
Curated by architects Joana Tomás, Vincent Rault, and José Gustavo Freitas, with assistance from Fractal Funchal, this temporary installation seeks to revive the memory of the quay. Drawing on the chemical nature of coal and the place’s narrative of transformation, it questions what it means today to stain oneself black in a leisure space. The installation, created with reused materials, offers a new narrative through alternative languages and the circularity of materials, avoiding traditional construction methods.